Exposição “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira” chega ao MUNCAB no aniversário de Salvador

Estudo sobre a natureza morta  (Obra: Adriano Machado)  Estudo sobre a natureza morta (Obra: Adriano Machado)

Neste sábado, 29 de março, data em que Salvador celebra seus 476 anos, a cidade recebe um presente à altura de sua história e identidade: a chegada da exposição “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira” ao Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB). A mostra faz parte da programação do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e reúne cerca de 150 obras de 69 artistas, compondo um amplo panorama da produção artística negra no Brasil.

A abertura conta com a impactante performance “Do Que São Feitos os Muros” (2020-2025), do artista Davi Cavalcante, que constrói, tijolo a tijolo, um muro gravado com palavras, propondo uma reflexão sensível sobre fronteiras simbólicas e afetivas nos territórios e nas relações humanas.

Curada por Deri Andrade, a exposição traça diálogos entre nomes históricos e novos expoentes da arte afro-brasileira. Para o curador, a chegada da mostra a Salvador representa um momento de potência. “A cidade carrega consigo a história e a resistência da população negra no Brasil, o que transforma a experiência da exposição”, afirma. Ele destaca ainda a presença das imagens da fotógrafa Lita Cerqueira, que há décadas registra a cultura e o cotidiano da cidade, como um marco de reconhecimento à sua trajetória.

A diretora artística do MUNCAB, Jamile Coelho, ressalta que a exposição se alinha ao propósito do museu. “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira afirma a arte negra como eixo central, não desvio. Sua itinerância para Salvador, a cidade mais negra fora da África, fortalece esse enraizamento e amplia o acesso a narrativas antes marginalizadas”, afirma.

Para Júlio Paranaguá, gerente geral do CCBB Salvador, a exposição reforça o papel da instituição na promoção da arte afro-brasileira: “É um marco trazer essa mostra para Salvador. Um olhar necessário e abrangente sobre a produção de artistas negros no Brasil, promovendo reflexões sobre representatividade e história”.

A mostra é uma realização da produtora Tatu Cult, em parceria com o Projeto Afro e o CCBB, em itinerância desde 2023 por capitais brasileiras. Para Jacó Oliveira, cofundador da Tatu Cult, a chegada da mostra a Salvador é um retorno às origens. “Enxergamos na cidade um território fundamental para as bases e para a continuidade da cultura afro-brasileira”, afirma.

“Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira” segue em cartaz no MUNCAB, oferecendo ao público baiano uma oportunidade rara de mergulhar na riqueza, diversidade e força da arte negra produzida no Brasil.

 

Veja também

Michelle Marie