Um bate papo pra lá de afinado entre filha e pai.

Bruno Nunes e Giulia

Um bate papo pra lá de afinado entre filha e pai.

Como entrevistadora, a filha, Giulia: uma talentosa menina que adora dançar e tem a leveza de uma bailarina. Dirige peças imaginárias e atua em papéis de princesa. Já pisou em passarelas como a do Iguatemi e vários outros eventos de moda da Bahia. Resumindo: ela é das artes.

Como entrevistado, o paizão, Bruno Nunes: cantor, compositor e inventor, premiado com trilhas sonoras para cinema dentro e fora do Brasil, tendo participado de oito versões do Montreux Jazz festival, um dos mais importantes do mundo.

Em outubro, Bruno estará lançando o novo CD, BR UNO, que tem em das faixas a música de sua autoria “Vá de Trem”, tema da 37ª Jornada Internacional de Cinema da Bahia.

Rodado em 35 mm, o clipe tem fotografia de Hélio Silva, foi dirigido pelo cineasta Octávio Bezerra e traz à tona a questão da construção de cinco rodovias na Amazônia, programadas pelo PAC, que irão acelerar ainda mais a destruição da floresta.

Giulia: Qual sua cor predileta? 

Bruno: Verde

Giulia: Você é responsável com seus compromissos? 

Bruno: Sim, com os compromissos e com os “vendomissos” também rsrs!

Giulia: Você é um bom pai? 
Bruno: Uai! Você é quem sabe. Sou? 
Giulia: Quem tá entrevistando aqui sou eu, pai... rsrs! 
Bruno: Foi mal, Giulia.

Giulia: Qual o tipo de roupa que você mais gosta de usar? 
Bruno: Sunga e terno. Depende da ocasião, se é inverno ou se é verão. Sunga porque é sempre lazer e terno porque é quase sempre prazer.

Giulia: Qual a sua palavra preferida? 
Bruno: Criar.

Giulia: Prá mim era família... 
Bruno: Mas, é: criar família, criar filha, criar canções, criar vaquinhas, negócios, campanhas, projetos, criar casos, contar estórias tudo é criação. Deus é criação. Giulia: Ah, bom!

Giulia: Você gosta da sua carreira? 
Bruno: Gosto muito. Faço Arte em áreas distintas, como gosto, do jeito que quero, na hora que quero: musica, cinema, arquitetura, publicidade, invenção... Confesso que gosto tanto dela, da minha carreira, que nem ligo tanto pra grana que faço. Não me queixo, nem mudo o rumo do meu barco. Estamos vivendo tempos em que a qualidade da arte e a quantidade de grana parecem andar em mãos opostas. Mas a gente vai levando...

Giulia: Que comida você mais gosta? 
Bruno: Carurú, raclete, acarajé, cozido, lagosta e bacalhau.

Giulia: Você é rico, pobre ou classe média? 
Bruno: Sabe filha, eu nunca viajei nessa. Meu pai, seu avô, Paulo, era muito rico, mas eu nunca me achei rico. Herdei uma grana, gastei uma grana, ganhei uma grana. Sempre tive o que precisei. Nem mais nem menos.

Giulia: Qual é a sua religião? 
Bruno: Pra mim, religião vem de religação com Deus. Acho que eu sou espiritualista. Tudo que pode nos religar com Deus me interessa. Da meditação ao sermão, passando pela missa e o alcorão. Da astrologia ao Tarôt. Das Runas ao I Ching. Mestres zens, pais de santo, pastores, padres, rabinos, profetas, psiquiatras, psicólogos. Há espaço prá tudo que puder elevar o espírito, a mente e o coração. Tudo com amor. Afinal de contas prá ligar uma tomada no céu, precisa de muito fio rsrs!

Giulia: Quais os momentos mais marcantes da sua vida? 
Bruno: As mortes do meu pai e da minha mãe, morar nos Estados Unidos aos 15 anos e lançar o futebol na cidade, passar nos vestibulares de administração e economia, abandonar as faculdades de administração e economia, ganhar o meu primeiro festival de música no colégio e os outros depois, dar o start na grande revolução da música baiana (que ainda nem aconteceu), realizar o sonho de criança de tocar no festival de Montreux pela primeira vez, tocar na Escuna Elétrica e no Bahia Boat pela primeira vez e o mais marcante de todos: suspense!

Giulia: Qual? 
Bruno: Txan ran: você, o seu nascimento !

Giulia: Qual seu filme preferido? 
Bruno: Casablanca.

Giulia: Qual sua fruta preferida? 
Bruno: Prá comer ou prá beber? 
Giulia: Prá tudo. 
Bruno: Prá comer: jaca, sapoti e pinha e prá beber: Cajá, mexerica, tamarindo e framboesa. Agora, prá tudo: limão.

Giulia: Pra tudo, como, pai? 
Bruno: Já reparou que o limão serve pra tudo? O limão serve prá suco, prá tempero, pode ser comido com sal no tira gosto, serve como detergente. A propósito, eu acho uma maldade o que acontece com a "salada": a alface, o tomate, o pepino, a cenoura, a cebola e o próprio limão se desdobram em cores, aromas e sabores, contem vitaminas, fibras e sais minerais, e, no final, dão a ela esse nome salgado de salada, que vem do sal que apenas passa de raspão. Coisas de vilão. Ah, o limão também serve de fogão.

Giulia: Fogão? 
Bruno: Sabe aquele camarãozinho cru que você come no japonês? Ele não é cru. É cozido no limão.

Giulia: Qual a sua bebida preferida? 
Bruno: Vinho, água com gás e cerveja, nessa ordem.

Giulia: Pra acabar, como você acha que uma campanha como esta, ”Vá de Trem”, pode mudar alguma coisa. 
Bruno: O cinema é um veículo forte. Estas exibições nas sessões de cinema, antes do filme, são muito legais, porque a atenção é total e o público tem se emocionado. Por outro lado, as exibições no youtube não param de aumentar. Já tem rádio tocando a música.Tenho certeza de que conseguiremos atingir muita gente. Mas mesmo que não tivesse, não custa nada tentar, sempre.

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