Desde 2008 sem participar, oficialmente, do Carnaval de Salvador, as baianas de acarajé voltaram a ter, neste ano, espaço próprio na maior festa de rua do mundo. E a volta foi triunfal: aproximadamente, 10 mil foliões estiveram no Camarote das Baianas, que foi instalado na Praça da Sé, ponto singular do Centro Histórico de Salvador e local onde fica o Memorial dedicado ao ofício.
Organizado pela Associação das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares do Estado da Bahia (Abam), o Camarote, este ano, apresentou o tema Baianas no País do Futebol e contou com o patrocínio do governo federal, através do Banco do Brasil e apoio da Prefeitura Municipal de Salvador e da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.
O prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, é enfático ao reconhecer a importância de se manter esta tradição: “Mesmo recebendo a prefeitura com graves problemas financeiros, tomei a decisão de apoiar o camarote porque as baianas são um símbolo de Salvador. Com seu charme, trajes típicos, sorriso constante e quitutes deliciosos, as baianas fazem parte da cultura da Bahia, encantam os visitantes e contribuem para atrair ainda mais turistas para o nosso Estado e, especialmente, para Salvador".
O secretário de Cultura da Bahia, Albino Rubim, também esteve no local para prestigiar a iniciativa. Vale lembrar que, no final do ano passado, estas profissionais receberam, do Governo do Estado, a alcunha de Patrimônio Imaterial da Cultura Baiana. O reconhecimento oficial desse ofício como bem cultural intangível permite que a Abam passe a ter prioridade ao inscrever projetos sobre as baianas nas linhas de financiamento culturais sejam elas federais, estaduais ou municipais. Após a polêmica, a presença da categoria, durante os jogos da Copa Mundial Fifa 2014, na nova edificação da Arena Fonte Nova, está garantida. O ofício das baianas de acarajé possui, ainda, desde 2005, o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
“Ficamos quatro anos sem este local, por falta de apoio e recursos. Se no Rio, as Escolas de Samba saírem sem a Ala das Baianas perdem ponto. Por que, justamente na Bahia, onde somos embaixadoras da Cultura, não temos esta importância? Felizmente, a Secretaria de Cultura do Estado nos ajudou a reabrir o camarote, que é um espaço democrático, aberto a todo mundo”, afirmou Rita Santos, presidente da Abam.
Programação
A abertura oficial do Camarote das Baianas foi marcada por um grande cortejo, composto por 200 baianas trajadas tradicionalmente e pelas Filhas de Gahndy, que percorreu toda a parte alta do Centro Histórico de Salvador, dando a volta no Terreiro de Jesus. Durante todo o período carnavalesco, três apresentações diárias de grupos que tocam o autêntico samba de roda da Bahia agitaram o público que esteve presente.