O que nasceu da estampa de uma camisa virou a exposição "Iemanjá da Silva", aberta no Silva Cozinha, no coração do Rio Vermelho, na véspera do último 2 de fevereiro. O artista plástico Alexandre Feliciano foi convidado pelo chef Ricardo Silva para assinar as camisas que alguns de seus convidados usaram na tradicional reunião que faz, todo ano, das últimas horas do dia 1º à alvorada do dia 2.
Durante o processo, nasceu a ideia da mostra, que conta ainda com obras da fotógrafa Gábi Daltro. A exposição segue no salão do Silva Cozinha, onde arte sempre fez morada, por tempo indeterminado e pode ser visitada gratuitamente no horário de funcionamento da casa, oportunidade também de conhecer ou revisitar a gastronomia do chef.
Iemanjá da Silva – Na curadoria, Iemanjá vem das profundezas do mar, não apenas como divindade, mas como símbolo do humano que transborda. A rainha das águas veste sua pele mais efêmera, carregando as marcas do seu tempo e dança entre o sagrado e o cotidiano, como quem celebra o infinito na simplicidade do instante.
Nas obras de Alexandre Feliciano, o azul das águas abraça a intensidade das cores que traduzem a força, a ancestralidade e a delicadeza de Iemanjá. Ela é mítica, mas também familiar; majestosa e ao mesmo tempo tangível, uma mãe que acolhe, transforma e renova. Suas formas vibram como ondas, ecoando histórias e memórias que nunca cessam de chegar à praia.
Já as fotografias de Gábi Daltro, pertencentes à série "Eu Torço Pelo Acaso", capturam Iemanjá no intervalo entre o olhar e o inesperado. São fragmentos fugidios, onde reflexos e texturas se tornam portais para outros mundos. O acaso aqui é cúmplice da criação: é nele que Iemanjá se revela, entre luzes dançantes e silêncios profundos, como quem guarda um segredo no balanço das águas.