Se, à primeira vista, ser filha do cantor e compositor Lui Muritiba, um dos nomes mais importantes na consolidação do carnaval baiano, parece tendenciar a escolha de Amanda Santiago pela música, um minuto de conversa põe por terra esta suposição. Mais do que uma bela voz, o engajamento, estudo, determinação e paixão que Amanda tem pela música dão-lhe a certeza e confiança de que, na verdade, foi a música que a escolheu. Depois de 8 anos no comando da Timbalada, a cantora está de volta com novo trabalho, mostrando o resultado de uma vida de estudo sobre os mais diversificados estilos, culturas e arte. Em um bate-papo com o site Michelle Marie, Amanda Santiago abriu o coração, contou as novidades e mostrou porque suas “asas” alçam vôos cada vez mais altos.

MM - Você tem fortes influências musicais dentro de casa. Quando você descobriu que a música estava no seu caminho? A família influenciou nessa decisão ou isso aconteceria de qualquer jeito? 
Cresci na música, minha casa sempre foi e é um encontro de artistas, meu pai é cantor, Lui Muritiba, minha mãe é formada am artes cênicas e já estou ajudando minha irmã caçula, Luth, a formar a banda dela. Sempre fui muito tímida, mas quando o assunto era música, eu sempre estava presente. A música me escolheu.

MM - Em São Francisco, onde você estudou música, o que você pôde tirar de melhor? O que os americanos, ou o mundo fora do Brasil, tem em seus estilos musicais que mais te chamou a atenção e te influenciou musicalmente? 
Aprendi inglês, fiz aulas de canto Gospel, fiz aulas de dança e formei junto com um grupo chamado "Ginga Brazil" uma banda chamada "Som Tribal", na qual ganhamos o prêmio de melhor banda do carnaval de San Francisco. Fiquei muito encantada com os "artistas de rua" , muita gente talentosa. Me senti muito próxima de Janis Joplin. Gosto de blues, soul, jazz, escuto muita música eletrônica e amo tudo que, de alguma forma, me emocione!

MM - Como foi, nos últimos 8 anos, ser uma das vozes mais importantes da Timbalada? E como foi largar este título para se jogar em um novo trabalho? 
A Timbalada é uma escola maravilhosa, escola da boa música, da criatividade, da inovação. Aprendi com Brown que o grande artista da Timbalada é o Timbau. Fiquei 8 anos e recebi o "diploma" quando a música "Cachaça" superou às expectativas. Então, junto com Carlinhos Brown, resolvi que estava na hora de seguir os meus passos. Recebi de presente dele a música "Macumba Baby". Sempre afirmamos (eu e Brown) que não sou ex- Timbaleira,sou uma eterna Timbaleira que sabe o que quer!

MM - Como surgiu a idéia de utilizar objetos usuais como instrumentos musicais? Que objeto proporcionou a você a melhor experiência estética ou musical? 
Passei 10 meses dentro do estúdio pesquisando. Contei com ajuda do arranjador , tecladista e diretor musical Mikael Mutti. Substituímos o timbau por tonel, o surdo por baldes e tonéis de plástico, a bacurinha por escada, o ruber (três surdos) por som eletrônico tocado com os pés, a tinta por luz. A nossa bateria é presa no corpo e usamos umas asas onde só podemos tocar em dupla, um nas costas do outro. Sei que a originalidade faz o artista e, por isso, criamos uma banda diferente que chegou pra ficar! Um dos instrumentos mais marcantes da minha banda é a ASA, o músico quando veste a asa, além de ter a sensação de um poder angelical, é como se ele emitisse som do seu próprio corpo, tornando a estética e a musicalidade especiais. Além disso, ASAS são as iniciais do meu nome, e esse instrumento surgiu de um sonho.

MM - Que importância Carlinhos Brown teve na sua vida profissional? Houve alguma reivindicação por parte dele quando você decidiu sair da Timbalada?
Tenho uma relação musical furtiva e ancestral com Carlinhos. A única exigência dele foi que eu voasse e fosse muito feliz!