O projeto da loja foi inspirado no Soho no bairro descolado de Nova Iorque onde fábricas desativadas deram lugar a incríveis espaços de moda e decoração e restaurantes charmosos. Ela reformou uma antiga fábrica de uniformes e criou uma atmosfera única para a loja, com extremo conforto. A cor da fachada (grafite fosco) e dos espaços internos foi escolhida por Sig Bergamin. A grife Bya Barros expreS assina uma linha de aromatização de ambientes. com aroma especialmente desenvolvido sob a orientação de Bya. Gravatas elegantíssimas, chapéus nacionais e importados, almofadas. mais de 200 modelos diferentes com muito humor e ousadia nas estampas. Outra novidade é o lançamento da grife Viva Cucine, de cozinhas e armários planejados com preços abaixo das linhas moduladas, sem deixar de lado a alta qualidade e design, e a Abraccio, linha de mobiliário no primeiro andar também a pronta entrega com custo bem abaixo do mercado nacional. Numa conversa via celular questiono um amigo sobre um tema interessante para o editorial da 4ª edição do Jornal Michelle Marie. Sua sugestão: a condenação à morte por apedrejamento da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, 43 anos, acusada de adultério.
Interessante é que poucos dias antes do telefonema, passando diante de um colégio, ouvi de dentro do meu carro, um grupo de jovens entoando ao violão a música Geni, de Chico Buarque...Inevitável o paralelo: trocando- se as pedras por facas, socos ou balas, a história de brasileiras como Elisa Samudio e Mércia Nakashima, ambas recentemente assinadas de forma brutal por seus amantes, passa a ter algo em comum com o caso Sakine.
A verdade é que a cada 15 minutos uma mulher é espancada no Brasil e a cada 2 horas uma é assassinada. Ainda mais assombroso é saber que em alguns cantos deste mundo a violência contra a mulher é oficializada através de leis inadmissíveis como a Sharia, lei islâmica que, em pleno século XXI , prevê o apedrejamento para punir tanto mulheres como homens adúlteros e homossexuais.
Alguns países muçulmanos, como o Irã, o Sudão e a Nigéria instituíram esta visão radical e machista do Islã em seu sistema judicial. Encorajadas pela lei Sharia, comunidades aplicam o apedrejamento como um meio de fazer justiça com as próprias mãos, e mulheres, que, ao contrário de Sakineh não tiveram sequer um julgamento, morrem em silêncio, muitas vezes pelas mãos dos homens de suas próprias famílias.
E tem mais: mesmo quando o judiciário iraniano suspende as execuções por apedrejamento, com medo da repercussão na mídia, os condenados são executados por outros meios, como a forca ou são mortos em segredo, em locais remotos e até mesmo nas prisões. Em alguns casos, os corpos nem mesmo são retornados às famílias.
No Irã, as mulheres são mais propensas a ser acusadas de adultério porque elas não podem solicitar o divórcio, ao contrário de seus maridos que, ao se sentirem descontentes com o matrimônio, têm este direito previsto por lei. Fico ainda mais perplexa ao ler que a lei é prevista também para homens adúlteros, com uma “pequena” diferença: o homem tem o direito de se casar com cinco mulheres, além de poder manter relações sexuais com uma mulher solteira por meio do "casamento temporário". Enquanto as mulheres só podem ter relações dentro do casamento, mesmo após a morte do marido, ou seja, a mulher que se relacionar com outro homem que não seja o falecido, estará cometendo crime de adultério. Parece piada rs!
E atenção para um sórdido detalhe: o adultério precisa ser provado na corte por quatro testemunhas oculares: apenas homens, três homens e duas mulheres. O regime é bruto, caros leitores!
Ao pesquisar sobre o tema, descubro que o termo "apedrejamento" é proibido na imprensa iraniana, para evitar protestos como no caso de Sakineh que ganhou repercussão internacional por conta de seu advogado, Mohammad Mostafaei. Revoltado, ele escreveu um artigo em seu blog clamando pela vida da cliente.
Num ato corajoso, humanitário e constitucionalista, isso mesmo (basta ver o Art. 4º da nossa Constituição que mostra como devem ser regidas as nossas relações internacionais), o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu o Brasil como asilo para a iraniana. Infelizmente o governo iraniano recusou a oferta, indicando publicamente que os diplomatas brasileiros estariam desinformados sobre o caso. Dá pra acreditar??? É muuuita barbaridade!
Fico estarrecida, como mulher, como ser humano! Segundo Mina Ahadi, ativista iraniana, pode haver neste momento 50 pessoas esperando para ser apedrejadas no Irã. E os tão mundialmente aclamados direitos humanos, onde ficam? As nações têm que se unir contra esta selvageria que está, aí, acontecendo em pleno século XXI para o mundo inteiro ver.
E nós, mulheres expoentes da sociedade baiana, vamos apenas assistir dos nossos camarotes? Não, claro que não! Vamos usar nosso poder para divulgar nossa indignação. Vamos nos unir a Campanha Global pelo Fim da Morte de Mulheres por Apedrejamento - SKSW Campaign. Já é um começo, concordam?
Vamos agir como o Lula – parabéns, Presidente!- e como o meu amigo pernambucano, Delfim, que já começou fazendo sua parte ao sugerir este tema para o editorial da 4ª edição do Jornal mm. O que não podemos é ficar de braços cruzados diante de tamanha violência contra a mulher seja ela iraquiana ou brasileira. Mesmo porque a violência não escolhe nacionalidade, idade ou classe social para acontecer. Quanto ao sexo, ultimamente, ela têm escolhido com maior freqüência o nosso.
Michelle Marie